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Como no mês de março o tema era Anjos e Vampiros eu nem tive muito trabalho para pensar em qual livro de vampiro eu iria ler, claro que seria algum da Anne Rice que eu ainda não tivesse lido e só me restavam dois das “Crônicas Vampirescas” e como eu já estava lendo “O ladrão de corpos” (resenha em breve) eu decidi que seria “Cântico de Sangue” o escolhido, foi então que notei que eu não faço muitas resenhas da minha autora preferida aqui no blog, o fato é que eu li os livros já tem bastante tempo e na época eu ainda não tinha o blog, mas se gostarem eu posso fazer dos outros, talvez seja uma boa hora para reler algum dos meus preferidos da tia Arroz, sem me estender mais, vamos à resenha.

Autora: Anne Rice
Editora: Rocco
ISBN: 9788532521484
Número de páginas: 285

Sinopse: O vampiro Lestat volta à cena como narrador no mais novo livro de Anne Rice. Cântico de sangue é uma história de amor e lealdade, que faz os leitores retornarem à Fazenda Blackwood e os coloca frente a frente com o universo do proprietário Quinn Blackwood, e sua amada Mona. 







Atenção – Resenhas sobre livros da Anne Rice podem ser longas, cansativas e conter muitos spoilers.

Eu nunca fui muito fã de Lestat, na verdade é um caso de amor e ódio, gostei dele logo de cara nos primeiros livros da série, mas fui criando certa antipatia no decorrer das histórias devido ao fato dele mergulhar de cabeça na religiosidade e ficar muito choroso, já mencionei aqui no blog que tive uma dificuldade enorme em ler “Memnoch The Devil”, mas que depois no final eu percebi que se tratava de uma história magnifica, isso acontece muito com os livros da Anne Rice e com “Cântico de sangue” não foi lá muito diferente, já que mais uma vez temos Lestat de Lioncourt como personagem central da trama, o começo do livro é bem difícil, pois Lestat já começa se lamentando por desejar ser santo.
“Quero ser santo. Quero salvar almas aos milhões. Quero fazer o bem por todos os cantos do mundo. Quero combater o mal! - Quero minha imagem em tamanho natural em todas as igrejas, estou falando de uma estátua de um metro e oitenta, cabelo louro, olhos azuis.”
 E depois ele segue o livro dando um chega pra lá em mim (Oi, como assim?),  É que na verdade o livro tem logo de cara (depois de toda santidade destilada) um sermão aos fãs e seguidores de São Lestat que não gostaram muito da falta de ação por parte dele no livro Memnoch, então foi ai que percebi que eu não fui a única a não gostar muito da personalidade emotiva de Lestat.
“O que foi mesmo que aconteceu quando lhes dei Memnoch?...”

“... Eu fui à Corte de Deus Todo Poderoso e às profundezas uivantes da perdição, meninos e meninas, e lhes passei fielmente minhas confissões até o último tremor de confusão e aflição, tentando induzi-los a compreender através de minhas próprias palavras por que fugi dessa apavorante oportunidade de realmente me tornar um santo. E o que vocês fizeram? Vocês reclamaram!
“Onde estava Lestat, o Vampiro?”. Era só isso o que vocês queriam saber.”

Sim Lestat, nós sentimos falta do “Vampiro Lestat, mas que bom que ele voltou né?
Tem muita coisa de religião nesse livro, porém ele trata a religiosidade nesse livro de forma mais cômica e menos devota, exceto pelo santo em que ele dedica toda sua fé durante o livro, o misterioso São Juan Diego, mas nada muito excessivo ou cansativo.
“Nunca vi tantas pedras como na terra santa – pés descalços, camelos, imaginem aquela época, não surpreende que eles apedrejassem as pessoas...”
No entanto ao mergulhar mais e mais no livro eu consegui notar que não seria mais um livro de lamentações, pelo menos não por parte de Lestat, aliás, eu notei inclusive que o príncipe moleque estava mais maduro nesse livro, mas não gostei muito do motivo desse amadurecimento, dou mais detalhes no decorrer, não quero deixar a resenha sem sentido, o que acontece nesse livro é que a história de fato começa logo após a morte de Merrick e com perdão da palavra, mas meu Deus que vontade esbofetear a senhora Rice por causa disso, por que Merrick, por quê?  Não pode, Ok, me acalmei. E toda a falta de decoro de Lestat que não foi ter com os mais próximos de Merrick e comunicar sua morte e acho que ao menos David ou Louis merecia alguma explicação, mas não, Lestat nem se deu importância, ficou lá com o bobão do Quinn fingindo serem mortais excêntricos, eis que surge Mona Mayfair a amada de Quinn que foge de seu leito de morte, chega a fazenda Blackwood mal se sustentando em pé, Lestat na tentativa de poupar Quinn do sofrimento da perda da amada, transforma a moribunda em Vampira, ai que tudo começa a ficar bom, claro que um pouco de enrolação, mas que foi até legal de ler, Mona se mostra um garota mimada e metida a rebelde, que vira e mexe ofende Lestat com palavras perversas sobre seu passado e seu autoritarismo que ela mesmo aceitou ao ser criada por ele  e depois volta atrás pedindo perdão, acho que ela consegue ser mais chata que Louis quando foi criado, Louis era apenas depressivo, ela não, ela quer ser rebelde, quer ser dona de si, mas não sabe nem por onde começar e depende de Lestat para tudo, enquanto Quinn fica na tentava inútil de apaziguar tudo.
Esse livro é escrito de forma bem diferente dos outro, tem uma linguagem mais moderna e isso é inclusive ressaltado por Lestat durante a trama em vários momentos:
“Então abri por telepatia a fecha dura da porta do quarto de Quinn e adentrei. Adentrei? Por que não entrei? É essa artificialidade antiquada que precisa sumir. Entenderam o que eu queria dizer? Por sinal, entrei no quarto como um furacão, se vocês querem saber.”
Gosto muito dessa interação com o leitor, torna o livro descontraído e leve de ler.
Lestat continua egocêntrico como sempre, exaltando sua beleza sempre que pode, humildade é desconhecida pelo príncipe moleque.
“Como sou diabólico! E ela suspirou novamente, suspirou como se estivesse em êxtase, olhando para mim, é, isso mesmo, eu sou lindo, eu sei.”
Mas uma coisa começa a mudar, como eu já havia mencionado ele está mais maduro e menos egoísta (eu disse menos, não completamente) e o motivo eu digo agora, todo mundo sabe que Lestat se apaixona por qualquer ser, seja homem, mulher, criança, Taltos, vampiro, humano e o que for que tenha uma beleza diferenciada, porém é sempre algo lúdico e literal, mas dessa vez Lestat se apaixona de forma humana, eis que nesse ponto da trama surge Rowan Mayfair a bruxa, tia de Mona a ricaça pertencente aos Mayfair brancos, os que Merrick tanto evitava, essa mulher misteriosa e dona de um poder que abala Lestat consegue roubar o coração do Vampiro “santo” e o deixa desnorteado, toda vez que ela aparece em sua presença, eu devo admitir que não gostei muito de ver Lestat tão vulnerável, deixando seu lado humano se sobressaltar, mas enfim, foi algo novo que surpreendeu.
“Dentro de mim, a tempestade era inescapável, Mas sou tão forte, isso todos já sabem, não é mesmo? E quando se ama o outro como eu amava Rowan, não se procura ferir jamais. As operações triviais do coração extinguem-se em plena quietude, extinguem-se na humildade de eu poder sentir isso, saber isso e conter tudo dentro da minha alma prudente.”
Do meio para o final o livro se foca na busca de Mona por sua filha desaparecida, e ai então que os Taltos entram na história, os seres quase humanos de aparência infantil.
“E talvez a criatura mais estranha que eu já vira em minhas longas andanças pelo planeta”
E isso traz a trama de forma inusitada, ela, a rainha, a mais antiga, a poderosa Maharet, que até piadinhas de Lestat faz, devido a sua inexperiência com computadores e internet.
Bom o final fugiu um pouco do que estou acostumada com livros de Anne Rice, mais ação moderna, o que não me desagradou, pelo contrário, gostei bastante do final, porém durante quase todo o livro senti uma tentativa da autora em se adequar aos romances modernos e conclui que daria um bom filme.
 “E assim a poesia alça voo, ultrapassando a literalidade: És formosa, meu amor, terrível como um exército com estandartes, desvia de mim teus olhos porque eles me ofuscam, um jardim fechado é minha irmã, minha noiva: nascente lacrada, fonte selada.”
Eu gostei bastante do livro, gostei bastante de Rowan, gostei da personalidade, um misto de loucura, autoridade e inteligência, gostei da volta da personalidade cruel e ardilosa de Lestat que aparece em seus momentos de caça e de ação, me decepcionei  com o personagem de Mona, achei que seria mais interessante, mas não passou de uma mimada que todos passavam a mão na cabeça, inclusive seu tio Michael esse se superava, mas ele tinha motivos, havia uma culpa embutida nesse sentimento de proteção que ele a dedicava, pensei que ela e Quinn poderiam formar um casal mais enérgico, mas não foi o que aconteceu, todo aquele ataque dela contra Rowan por mais que tivessem motivos, me pareceu infantil e sempre que ela perdia algum motivo para atacar a tia, ela se apegava a outro, como Quinn mesmo mencionou em algum momento.
Senti um pouco de pena do Lestat apaixonado e não gostei disso, preferia sentir raiva de suas atitudes impensadas, mas foi até interessante ver como ele mudou, acho que sempre irei nutrir esse sentimento de amor e ódio por esse personagem, Lestat é a criação mais perfeita de Anne Rice, sem dúvida.
“Minha solidão nunca mais seria tão amarga. Com o passar dos anos, ela poderia se afastar de mim, poderia chegar a condenar o cúmulo da paixão que a levou aos meus braços, poderia estar perdida para mim sob algum outro aspecto concreto que arrancaria minhas lágrimas todas as noites, mas eu não a perderia jamais, porque não me esqueceria da lição de amor que aprendi através dela, e isso ela me deu, da mesma forma como tentei dar a ela.”
Desculpem pela longa resenha, mas quando se trata de alguma obra da mestra Anne Rice eu não sei ser breve, se alguém conseguiu ler tudo eu agradeço pela paciência.
Fiquei feliz de ter fechado o mês com dois livros dentro do tema sugerido, que venha o próximo mês Abril com todo seu terror ou suspense.





Sobre a Autora: Anne Rice é uma escritora norte americana que nasceu em New Orleans, Luisiana, no dia 4 de outubro de 1941.

Nascida Howard Allen O'Brien, ela mesma escolheu 'Anne' como primeiro nome, ao entrar na escola.
Em seus livros ela invariavelmente apresenta seus vampiros como indivíduos com suas paixões, teorias, sentimentos, defeitos e qualidades como os seres humanos mas com a diferença de lutarem pela sua sobrevivência através do sangue de suas vítimas e sua própria existência, que para alguns deles, é um fardo a ser carregado através das décadas, séculos  e até milênios.

Seu livro de maior sucesso é "Entrevista com o vampiro". Anne relata que escreveu esse livro em apenas uma semana, após a morte de sua filha por leucemia, filha esta que está brilhantemente retratada na personagem Cláudia.

12 Comentários

  1. Eu Li até o final rsrs! E gostei muito!

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  2. ADORO a Anne Rice, os livros dela são OTIMOS, mas prefiro os primeiros.

    vc falou um pouquinho sobre o livro Mennoch, então a autora fala que Lestat é de certa forma uma representaçao dela mesma, todos os livros em que há uma mudança na postura do personagem, nesse caso se voltando para a religiao, foram escritos em epocas em a autora passou por momentos conflituosos e se voltou para a religiao (só nao me recordo se nessa época foi a perda do marido ou do filho)

    bjos
    Pah
    dicalivros.blogspot.com

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    1. Sim, foi quando Stan Rice morreu, mas eu realmente não gosto dessa fase dela, Memnoch como eu disse, é magnifico, mas é um livro difícil!

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  3. Acredita que nunca li nenhum livro de Anne Rice, minha mãe que já leu eu ainda não, mas admiro muito a autora.
    Bjs
    http://eternamente-princesa.blogspot.com.br

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  4. Vixi...Nunca li um livro da Anne Rice e fico até com vergonha. Dizem que ela é uma ótima escritora, não é á toa que é sua autora preferida, né!?^^ Curti a resenha.
    Beijos!
    Paloma Viricio- Jornalismo na Alma.

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  5. Meu Deus, quase desisti de ler hehehehe. Da autora eu só li Entrevista com o Vampiro, e não gostei muito da escrita dela. Achei muito difícil de ler.

    http://blogprefacio.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada por não desistir, eu me empolgo com Anne! kkkkkkkkkkk

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  6. Resenha massa! fui pulando umas frases e voltando e li em pedaços e acho q no fim acabei lendo tudo...(nemos as ultimas citacoes) eu tava com medo de muito spoiler, mas a curiosidade me fez voltar e ler o resto.. hUAIHEASe to no inicio do livro ainda, e ja concordo que achei incomodo esse Lestat apaixonado... mas interessante ver um outro ladinho dele :) Eu não li Memnoch (fico lendo as coisas fora e ordem e tal x.x~) mas deve ser bem legal ler os dois em sequencia, ainda mais se concordar que Memnoch foi chato e ouvir o Lestat reclamando que a gente nao deu valor... AHSUEHUASE Anne Rice se posicionando atravez dele {?} XD well, de novo, otima resenha! :D

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  7. Li tudo sim, e adorei saber que na hora tem dois personagens de A Hora das Bruxas, obras que eu adoro.

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  8. Confesso que depois que a Anne começou a misturar a estória com religião pra mim ao menos perdeu o encanto. Não tenho nada contra religiões, mas isso realmente foi algo beem negativo. Senti que eu estava lendo uma estória completamente diferente. Inclusive com um protagonista diferente.Tava muito esquisito.
    Também não gostei de misturar a estória com daquelas bruxas. Confesso que não gostei nenhum pouco delas. Foi uma tortura ler sobre. Tanto que nem cheguei a ler os próximos livros com elas e desisti das crônicas. Uma pena, pois realmente era uma leitura que me encantava.

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